A banda Poisé, formada em Santo André-SP em 2019, fez neste fim de semana o lançamento de seu primeiro álbum completo, “Nada”, via Marã Música. Com sete faixas, incluindo cinco inéditas e duas já conhecidas pelo público – “Nunca Eu” e “Ilha de Edição” –, o álbum traz uma experiência musical profunda e melancólica, marcada por reflexões existencialistas. Com uma sonoridade que mistura indie rock, rock alternativo e influências brasileiras e latinas, “Nada” explora temas como a angústia, o vazio e a aceitação da incerteza que permeia a vida.
O título “Nada” carrega uma dualidade que reflete bem a essência do disco: ele se refere tanto ao verbo “nadar” quanto ao substantivo “nada”, que simboliza o vazio e a ausência. “Percebemos que várias de nossas músicas faziam analogias com a água – mar, ondas, tempestades. Isso nos levou ao nome ‘Nada’, que, ao mesmo tempo, carrega essa ambiguidade. É sobre o ato de nadar e enfrentar as correntes, mas também sobre o vazio existencial”, explica Lucas Psiko, vocalista e guitarrista da banda. As músicas são um convite ao ouvinte para mergulhar em reflexões profundas, enfrentando o desconhecido e aceitando a falta de controle que muitas vezes domina nossas vidas.
O processo de gravação do álbum foi extenso, durando quase três anos, e reuniu composições de diferentes fases da vida dos integrantes. “Foi um processo longo, mas recompensador”, comenta Cá Polese, também vocalista da banda. “Algumas faixas, como ‘Nunca Eu’ e ‘Astros Invisíveis’, foram compostas há mais de 10 anos, enquanto ‘Evaporar’ surgiu bem no final, quando já estávamos encerrando as gravações.” Mesmo com essa diversidade temporal, “Nada” mantém uma coesão temática e estética, unindo as faixas sob uma perspectiva comum de questionamento existencial.
A banda já havia sinalizado as ideias centrais de “Nada” em seu EP anterior, “Rascunho”, que foi um prelúdio do que viria a ser o novo álbum. A capa de “Rascunho”, que trazia um mar, representava o conceito que amadureceria e ganharia forma completa em “Nada”. “O EP foi uma espécie de rascunho para o que se transformou neste álbum, um esboço das ideias que agora amadurecemos completamente”, afirma Psiko.
Musicalmente, o álbum é uma fusão de indie rock, rock alternativo e ritmos latinos e brasileiros. “Temos dificuldade em rotular nosso som”, admite a banda. “Costumamos nos identificar com o indie rock e o rock alternativo, mas sempre há espaço para experimentação, incluindo elementos como percussões menos convencionais e sintetizadores.” Além das guitarras, baixo e bateria, o álbum traz instrumentos como escaleta, xequerê e pau de chuva, que adicionam uma riqueza sonora e texturas diferenciadas às composições.
As letras das músicas, escritas por Cá Polese e Psiko, refletem o interesse da banda por filosofia e psicanálise. “Eu sou psicanalista e o Psiko é apaixonado por filosofia”, revela Cá. “Recentemente, fizemos juntos uma pós-graduação em ‘Filosofia, Psicanálise e Cultura’, e isso transparece nas nossas composições. As letras abordam temas existenciais, inspirados pela nossa autorreflexão e por tudo que estudamos.” Faixas como “Ilha de Edição” falam da nossa relação com as redes sociais e a necessidade de parecer algo que não somos. “Essa faixa é uma crítica a essa obsessão por editar nossas vidas e nossas imagens nas redes. Estamos mais preocupados em parecer alguma coisa do que ser de fato”, comenta Psiko.
Formada por Cá Polese (voz, percussão e teclas), Gusta Ribeiro (bateria), Lucas Rett (baixo) e Lucas Psiko (voz e guitarra), Poisé surgiu com a proposta de criar uma identidade sonora única. A banda ganhou notoriedade ao vencer o eFestival, o maior concurso digital de música do Brasil, em 2021, o que lhes deu a oportunidade de tocar no palco do Tom Brasil e performar ao lado dos Titãs.
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