Rock auxilia na recuperação de adolescente com doença genética rara
A música tem o poder de afetar nossas emoções e estado de espírito de maneira profunda. Estudos mostram que quando ouvimos música que nos agrada, nosso corpo libera hormônios como a dopamina, proporcionando uma sensação de bem-estar que melhora nosso humor. Além disso, a música pode ativar áreas do cérebro associadas à memória e às emoções, tornando-se uma ferramenta valiosa no tratamento de síndromes e doenças.
Um exemplo inspirador disso é Eduardo Hobi Berbigier, um aluno da Academia do Rock de Curitiba, de apenas 14 anos, que foi diagnosticado com Adrenoleucodistrofia (ALD), uma doença genética rara que afeta o metabolismo de ácidos graxos de cadeia muito longa e pode causar danos neurológicos progressivos. Após um transplante de medula óssea e um longo período de recuperação, Eduardo desenvolveu sequelas, como déficit de atenção e transtorno de ansiedade.
No entanto, as aulas na Academia do Rock tornaram-se parte essencial do tratamento de Eduardo. Inicialmente, ele começou a praticar bateria e, atualmente, também faz aulas de guitarra. Seu pai, Eduardo de Abreu Berbigier, relata uma mudança impressionante em seu filho desde então. As aulas de música ajudaram a acalmar a ansiedade, melhorar a concentração e o foco de Eduardo. “Antes ele caminhava muito sem rumo. Hoje ele consegue se concentrar além de ter melhorado a coordenação motora”, ressaltou.
Além do impacto na saúde mental e emocional de Eduardo, as aulas de rock também influenciaram positivamente sua autoestima, trazendo prazer e motivação que ele não experimentava antes devido ao trauma do transplante. Combinadas com o acompanhamento terapêutico, as aulas rock and roll têm sido fundamentais para a recuperação pós-transplante de Eduardo, que agora está totalmente recuperado da ALD, conforme destacou seu pai.
Sabrina Faria, psicóloga que acompanha Eduardo nas aulas da Academia do Rock, ressalta que o contato com a música na adolescência pode ser um aliado positivo, promovendo fortalecimento de vínculos, autoestima, identificação em grupos e habilidades cognitivas e comportamentais. “Estimula positivamente regiões do cérebro responsável pelo planejamento, controle e execução de atividades motoras voluntárias, além de atuar na movimentação, equilíbrio e postura. Auxilia na formação de memórias, localização espacial, aprendizado e emoções, conectando as sensações, e emoções às memórias”, explica Sabrina
Outros profissionais da área da saúde, como a fonoaudióloga Maria Julia Pessoa Hoffmann, destacam o poder terapêutico da música, ressaltando a importância de trabalhar com os gostos musicais preferidos do paciente para alcançar melhores resultados: “O estilo musical que funciona é o que a pessoa gosta. Hoje, a terapia é toda em cima dos gostos do paciente. E o resultado é muito maior. Não adianta treinar retorno da deglutição com sardinha, se o paciente tem pavor de gosto de peixe. Trabalhamos com algo que de prazer e traga memórias boas.
Essa história inspiradora nos lembra que, quando combinamos a paixão pela música – nesse caso o rock – com um tratamento personalizado e uma abordagem terapêutica adequada, é possível superar qualquer tipo de desafio.