Pierce The Veil no Brasil; conversamos com Jaime Preciado
A 89 FM conversou com Jaime Preciado, baixista do Pierce The Veil, para falar sobre o show os caras vão fazer na Audio, em São Paulo, neste domingo (09), em turnê que promove seu novo álbum The Jaws of Life, lançado em fevereiro deste ano.
Nosso produtor/apresentador Wendell Correia conduziu esta entrevista e abordou a expectativa da banda em tocar para o público brasileiro e mergulhou no processo de produção do novo trabalho. Confira:
89 FM: Então…você oficialmente está saindo em turnê na América Latina. Já está ensaiando, trabalhando no setlist? O que pode nos dizer sobre isso?
JP: Sim! Essa é a parte divertida. Sempre estamos falando disso quando estamos no estúdio trabalhando tentando fazer as melhores músicas que podemos. Isso também é divertido, mas sua cabeça está focada, trabalhando. Agora é a parte divertida, onde escolhemos as músicas que queremos tocar, tentamos chegar a melhor opção. Temos cinco álbuns agora. Os shows podem ficar um pouco mais amplos, diferente dos outros. Vamos tentar fazer o melhor show que podemos fazer. E temos trabalhado nas últimas semanas para deixar tudo pronto. Estamos muito animados, isso é demais.
89 FM: Acho que é uma das decisões mais difíceis porque você não pode tocar todas as músicas.
JP: Sim, gostaríamos de tocar todas as músicas. Mas é isso que faz com que seja legal. Você nunca sabe quando vai fazer um show depois de tanto tempo que demoramos para voltar aí. Espero que a gente possa voltar antes e mais rápido. Fazemos o melhor que podemos. Não vamos deixar todos felizes, mas tentamos fazer o melhor show que podemos. Acho que as pessoas vão gostar.
89 FM: Espero que sim. Sempre terá uma música que os fãs vão sentir falta. Mas vocês não podem tocar todas as músicas.
JP: É isso.
89 FM: E falando sobre o Brasil, você já esteve aqui. O que lembra do Brasil? Alguma história engraçada que possa nos contar?
JP: Cara, o Brasil… Faz muito tempo. Lembro que as pessoas são muito legais. Os fãs são um pouco loucos, mas no melhor sentido possível. São muito animados. E eu sou fã de futebol. É uma cidade onde amam futebol. Tenho essa memória de ver as pessoas nas ruas usando camisas de times. Acho que foi durante a Copa do Mundo. Não lembro exatamente, faz muito tempo. Mas tem muita animação, assim como em todas América do Sul. América do Sul e o México, todos esses lugares tem uma “vibe” diferente de todos os lugares do mundo. Estamos ansiosos para voltar, principalmente porque os locais dos shows estão ficando maiores. Estamos ansiosos para tocar em lugares maiores. Será muito louco, com certeza. Tenho esperança e uma expectativa muito alta em relação ao Brasil, acho que será demais.
89 FM: Boa, cara. Você conhece algum time do Brasil? Você assiste futebol brasileiro?
JP: Normalmente o mexicano, eu gosto do México. Minha família é do México. Não assisto tantos jogos assim. Eu conheço o time do Brasil que jogou a Copa do Mundo, os jogadores incríveis que jogaram. Mas não sei tanto sobre os times locais das cidades. Isso não sei muito.
89 FM: Legal. Você deveria assistir algum jogo aqui no Brasil.
JP: Vocês têm alguns melhores jogadores do mundo. Demais.
89 FM: E você trabalhou com novos bateristas agora. O Brad Hargreaves no estúdio e o Loniel Robinson nos palcos. Como tem sido trabalhar com esses novos bateristas?
JP: O Loniel é um amigo desde quando começamos a fazer turnês mundiais. Ele já fez turnês com várias bandas, então o conhecemos há muito tempo. E ele mora aqui perto, também é de San Diego. Ele mora aqui, a família dele é daqui. Foi uma dessas coisas que deram certo. Ele está fazendo várias coisas, estava tocando com o letlive, fez turnê com o artista chamado Miguel, era o baterista dele. Então ele tem tocado em grandes estádios com frequência. Meio que chamamos ele falando que precisávamos de alguém para turnê, sabíamos que ele tinha essas turnês incríveis, mas perguntamos se ele queria nos ajudar. Ele aceitou e ficou muito animado. E acho que é porque somos amigos há muito tempo. Fazíamos churrascos e passamos um tempo juntos várias vezes quando não estávamos em turnê antes de ele tocar bateria com a gente. Então sempre fomos muito próximos e ele é um baterista insano, o que é algo a mais. Poder tocar com ele todas as noites deixa todo mundo melhor. É muito legal para nós ter alguém assim.
89 FM: Legal! E para você, como baixista, muda muito quando tem outro baterista?
JP: Sim, eu acho sou um pouco tendencioso porque eu toco baixo, mas acho que o baixo e a bateria são realmente muito importantes, se não os instrumentos mais importantes. Quando você vai a um show, você curte a banda e o ritmo. Quando eles estão muito encaixados, é porque o baixista e a baterista estão em sintonia. Então os guitarristas podem fazer o que quiserem em cima disso. O vocal, claro, tem que estar certo. Mas se você não tem um baixo legal, um bom baixista e um bom baterista, tudo vai por água abaixo. Então temos a sorte de ter o Loniel, que deixa tudo soar legal, não importa o que aconteça. Isso é demais.
89 FM: Eu não sou um músico profissional, mas concordo com você.
JP: É isso.
89 FM: E como foi o processo de gravação e composição do novo álbum “The Jaws Of Life”? Eu estava assistindo algumas entrevistas suas onde você fala que você estava ouvindo muito Deftones, Rage Against The Machine e que o Vic viajou para Seattle, então tem uma pegada “grunge”. Depois, quando eu ouvi o álbum sabendo disso, realmente tem uma pegada “grunge” porque os versos são calmos e os refrões são mais fortes e pesados. Isso foi proposital?
JP: Eu quero acreditar que foi de propósito, muitas coisas aconteceram de forma acidental. Quando você começa a ouvir esse tipo de música e está com a cabeça nisso, isso meio que infiltra no seu cérebro. Você tenta tocar alguma coisa e de repente soa assim. Nós sempre somos o que ouvimos. Se me perguntasse durante esse período, eu estava ouvindo muito essas coisas. E fiquei inspirado e entendendo por que eu gosto tanto dessas músicas, sabe? Quando falamos sobre alguma música do Deftones ou Rage Against The Machine ou qualquer banda grunge são simples, não tem tantas coisas acontecendo. São três partes e esse é o poder da música. Nosso estilo normalmente é acrescentar um milhão de coisas tecnicamente. Tentamos nos desafiar a não fazer isso dessa vez. Tentamos recuar um pouco. E isso muitas vezes é difícil de fazer. Parece que está pelado. Tipo, é isso que temos. E aí perguntamos: “Então é isso?” É impactante com o que é tão simples, mas acho que tentamos fazer o nosso melhor com o que tínhamos e meio que abriu nossas cabeças um pouco criativamente. Nunca tentamos fazer a mesma coisa de novo. Sempre tentamos fazer algo novo e aprender com isso. Se funcionar, ótimo. Se não funcionar, vamos para outra ideia, com outras partes, seguimos para o próximo. Sempre tentamos melhorar. Esse foi um dos riscos que tivemos e estou muito feliz da forma que saiu. Acho que é um bom álbum legal para nós da forma que fizemos. Foi algo instantâneo no momento.
89 FM: Boa! E você tem alguma faixa favorita no álbum?
Essa é uma pergunta difícil. Tenho algumas faixas favoritas, isso depende porque o álbum é muito diferente. Cada música tem sua própria… “Pass The Nirvana” não tem nada a ver com “Emergency Contact”. Essas duas músicas são muito diferentes. E pode dizer isso sobre todo o álbum. Eu gosto da primeira faixa do álbum. Provavelmente é a minha favorita, a “Death of an Executioner”. Isso porque foi a música mais difícil de finalizar. Demorou a vida toda. Todas as músicas estavam prontas, mas faltava essa música. Em alguns momentos ela tinha uns 6 ou 7 minutos, muito longo mesmo. Depois ficou muito curta e versões diferentes na ponte da música. Não conseguíamos finalizar a música. Como o tempo estava acabando, fizemos do jeito que ficou, e ficou ótimo. E acabou sendo uma das minhas músicas favoritas. É engraçado como isso funciona.
89 FM: E falando sobre a faixa título “The Jaws of Life”, é a primeira vez que vocês estão colocando o nome do álbum com o mesmo nome de uma música que está nele. Quando e porque decidiram chamá-lo de “The Jaws of Life”? Foi a primeira música que fizeram para o álbum?
JP: Na verdade, não. Acho que o conceito para surgiu para nós muito cedo. Acho que antes da pandemia já tínhamos o nome do álbum. E, claro, durante todo esse período isso foi mudando um pouco. Mas originalmente queríamos algo forte e com esse sentimento de se afastar um pouco, se testar. E ter esse sentimento de “eu posso fazer”, “eu posso sair de qualquer situação”. Era um pouco de esperança para nós porque tinha muitas coisas acontecendo. Não tínhamos mais turnês, muitas coisas aconteceram quando estávamos parados, todos nós nos casamos. Vic, o nosso vocalista, teve o seu primeiro filho. Muitas coisas estavam acontecendo. Então esse álbum é uma combinação de tudo isso. Claro que a pandemia aconteceu e isso foi maluco. Então tinha todos esses pensamentos na nossa cabeça, nos perguntando se iríamos conseguir tocar novamente, fazer shows. Isso foi algo assustador para nós porque estávamos no meio do processo de fazer o álbum. Começamos a compor e paramos. Acho que isso que fez com que o álbum seja muito especial para nós porque, como disse, foi um registro do momento que tivemos. Não tínhamos que pensar muito, era isso, estava pronto e seguíamos em frente. E, como disse, chegamos na parte divertida que é fazer os shows. Esse será um novo ciclo de coisas acontecendo.
89 FM: Legal, cara. E sobre a arte de capa: quem criou e o que significa?
JP: Sim, a capa… Nós tivemos… Originalmente, não seríamos tão literais em relação a isso, levando em consideração ao que significa “as mandíbulas da vida”, que é uma máquina. Essa ferramenta na capa é usada para arrombar carros e te tirar de lá, sabe? Se houver um acidente ou algo assim, é como uma prensa hidráulica essencial que salva pessoas. Salva centenas de pessoas todos os dias e achamos que era uma ideia legal porque ninguém realmente sabe disso. É uma ferramenta de aparência estranha. Nosso amigo Brandon fez o design fez a capa e tivemos uma fotógrafa canadense que fez a foto. E ela andava com essa ferramenta e a deixava pelos lugares, como a sala, e tirava fotos das coisas. Nós adoramos como ficou, interessante e assustador. Foi um acidente feliz que isso aconteceu. Normalmente não somos tão literais, mas adoramos a arte que o Brandon fez e os cliques da fotógrafa. Tudo ficou muito bom. E isso é algo que basicamente nós… tipo, os shows, os contrastes de cores, gostamos de tudo isso combinando. E funcionou.
89 FM: Terá outro vídeo ou single que vão lançar desse disco?
JP: Sim, sempre estamos pensando nisso. Estamos tentando… No momento, vai demorar um tempo para desenvolvermos algumas coisas. Mas com certeza vamos fazer muitas coisas, muitas turnês serão anunciadas, vídeos, tudo isso. Tem muitas coisas acontecendo, muitas rodas girando.
JP: Muito obrigado, legal te conhecer.