Zakk Wylde fala com a 89 FM sobre novo álbum do Black Label Society

Redação 89

Zakk Wylde fala com a 89 FM sobre novo álbum do Black Label Society imagem divulgação

Zakk Wylde, lendário guitarrista que tocou com Ozzy Osbourne e que comanda o Black Label Society, trocou uma ideia com nosso produtor/apresentador Wedell Correia para falar sobre o novo álbum de seu grupo, Doom Crew Inc, que sai em 26 de novembro.

Sobre o processo de gravação, Zakk conta que muitos acreditam que foi diferente por causa da pandemia, mas não foi isso o que rolou.

“Desde o No Rest For The Wicked com o Ozzy até agora, o processo é o mesmo. Você se inspira e escreve alguma coisa. A única coisa diferente é que nos outros álbuns eu gravei todas as guitarras antes do Jeff Fabb (baterista) e do John DeServio (JD – baixista) chegarem no meu estúdio Black Vatican. Então fui eu que fiz tudo o que você escuta no álbum, seja em ‘Set You Free’ ou outras músicas, eu dobrei todas as guitarras”, explica o músico.

Ele revela para a 89 que para esse novo trabalho produziu cerca de 30 ideias de músicas, rendendo as 12 faixas que estão no álbum. Uma delas, inclusive, Zakk fez quando sua mãe faleceu. “Love Reign Dow” é um dos destaques do novo disco e conta com um arranjo primoroso de piano.

Saiba mais detalhes utilizando o player abaixo:

AQUI você ouve o single “Set You Free”.

Transcrição da entrevista:

Olá!

E aí, irmão! Como você está, Wendell?

Estou bem! E você, como está?

Estou bem, cara! Estou na cidade de Nova Iorque, tomando um café “Valhalla Java”, conversando com você… A vida é boa!

É um prazer falar com você. Obrigado por separar esse tempo.

Tamo junto!

Eu gostaria de começar te perguntando sobre o Brasil. Você já esteve aqui algumas vezes. O que você mais gosta de fazer quando está no Brasil e o que lembra daqui?

As pessoas são maravilhosas, cheias de paixão. Tem o capítulo brasileiro do “Almighty Black Label”. E é impossível não lembrar das incríveis churrascarias brasileiras. Sempre fico ansioso para ir para as churrascarias quando vou para o Brasil.

Alguma história engraçada no Brasil que possa compartilhar com a gente?

Nenhuma história específica, apenas ir constantemente para as churrascarias brasileiras e fazer os shows. É sempre sensacional porque todo mundo no Brasil tem muita paixão pela vida. É incrível, sem dúvida. Só tenho grandes momentos no Brasil todas as vezes que eu vou.

E falando sobre o novo álbum que será lançado em novembro, o “Doom Crew Inc.”, como foi o processo de gravação e composição?

Muitas pessoas acham que foi diferente por causa da pandemia, mas não foi. Não foi diferente da maneira de como fizemos os álbuns anteriores. Desde o “No Rest For The Wicked” com o Ozzy até agora, o processo é o mesmo. Você se inspira e escreve alguma coisa. A única coisa diferente é que nos outros álbuns eu gravei todas as guitarras antes do Jeff Fabb (baterista) e do John DeServio (JD – baixista) chegarem no meu estúdio Black Vatican. Então fui eu que fiz tudo o que você escuta no álbum, seja em “Set You Free” ou outras músicas, eu dobrei todas as guitarras. Então quando o Jeff e o JD chegaram, ouviam a música e eu falava quais eram os arranjos e ia direcionando onde cada um entraria. O Jeff ouvia, tocava “air drums” para entender a música, depois ia tocar e arrebentava na bateria umas duas ou três vezes em cada música até achar a melhor forma. Então o Jeff ficava feliz com isso e aí íamos para a próxima música. Algumas músicas surgiram nos últimos dias dos caras no estúdio, como “Set You Free” e “Forever And A Day”. A música “Love Reign Down” eu escrevi para a minha mãe, provavelmente quando eu estava trabalhando no álbum “No More Tears” do Ozzy. Então essa música estava na espera há 30 anos. A versão final nós fizemos de uma forma mais pesada no piano, mas a versão original já era no piano. Tem essa e a “Farewell Ballad” que também estava esperando para ser finalizada, já tinha no YouTube e outros lugares. Eu

escrevi como uma música instrumental e finalmente consegui terminá-la. E as demais, o que preciso é sentar-se com meu amplificador, sempre faço meus exercícios, tomo algo para me deixar forte e aí começo a escrever até ficar feliz com o que foi feito. E é isso aí!

Acho que não vamos ter tempo para falar sobre todas as faixas do álbum, mas gostaria de falar de “Love Reign Down”, que você já mencionou. Acho que é a minha favorita do disco no momento porque quando eu ouvi, realmente chamou a minha atenção por ser uma música que vem depois de “Forsaken”, que é uma música pesada, e aí começa “Love Reign Down”, com você cantando com um lindo piano acompanhando, é uma linda canção. Ia te perguntar a inspiração para essa música, mas como você disse, fez para sua mãe, certo?

Sim, totalmente. Eu fiz quando minha mãe faleceu.

É uma linda música.

Obrigado!

A última música se chama “Farewell Ballad” (Balada de Despedida). É um nome interessante para ser a última de um álbum. O que significa essa música?

O nome surgiu quando eu fiz a música. Eu fiz a letra da canção depois de criar o título. Foi a primeira vez que eu fiz isso. Geralmente não faço dessa forma, mas foi assim que essa música surgiu. As minhas letras são inspiradas em algo que aconteceu comigo ou com outras pessoas, ou alguma coisa que eu li, algo que eu acho interessante. Eu achei que essa música seria legal. Minhas letras surgem a partir de algo que eu acho interessante.

Você costuma escrever a letra da música depois de ter a melodia, né?

Sim, sempre é assim. Geralmente a música surge com a melodia musical e isso dita a inspiração do que será cantado. Aí eu me sento e começo a cantar algo que se alinhe e se encaixe legal. Então eu descubro sobre o que eu quero cantar, algo que seja interessante para mim e começo a escrever a letra da música.

A música “Set You Free” é o primeiro single lançado e é a faixa que abre o álbum. Por que você escolheu essa música para isso?

Não sei ao certo. Acho que é porque ela é simples e vai direto ao ponto, então decidimos começar com ela.

E o clipe da música “Set You Free” é bem divertido. Como foi gravar o vídeo e quem teve a ideia?

Quem está fazendo todos os vídeos do Black Label Society é o Justin Reich. Então eu falei para ele que queria recriar o baile de formatura do meu Ensino Médio em 1985 (Jackson Memorial High School). Então basicamente foi a recriação do meu

baile de formatura, mas com sais de banho caindo, homens tendo braços e testículos arrancados…Eu vi tudo isso acontecer, então acho que o que capturamos ficou sensacional.

É um vídeo divertido. E você fez 30 músicas para o novo álbum?

Sim, provavelmente tem 30 ideias de músicas gravadas. As 12 músicas que estão no álbum são as que tem letras e melodias. As outras são apenas músicas com Jeff tocando bateria, JD tocando baixo…Essas estão em pausa e eventualmente em algum momento podemos voltar a trabalhar nessas músicas e terminá-las.

Boa! E quais guitarras você usou na gravação?

Apenas o meu equipamento de áudio “Wylde” que tenho usado desde a gravação do álbum “Grimmest Hits” (2018). Na maior parte eu uso uma Nomad e em algumas uso a Heathen para solos e algo do tipo. Mas nesse álbum a maior parte usei a guitarra Nomad mesmo.

Você tem uma música favorita no álbum?

Para mim, depende de como eu estou no dia. Se você quer ouvir algo mais leve, você vai ouvir “Love Reign Down”. Se você quer ouvir algo pesado, você deve ouvir “Set You Free” ou outras músicas, como “Gather All My Sins” ou algo nessa pegada.

E por que o nome “Doom Crew Inc”?

Foi a forma que comecei a chamar a equipe quando começamos, porque às vezes não tinham tempo para descansar e não importava quais eram as circunstâncias, a equipe sempre concluía o trabalho. Então eu os chamava de “Doom Crew” (algo como “equipe da desgraça”). Então esse foi o apelido da equipe. Continua fazendo sentido até hoje, é como tem sido desde o começo da banda em 1998. Então o nome é basicamente uma dedicação à Incorporação da Equipe da Desgraça, e foi assim que surgiu o nome.

Muitos amigos começaram a tocar guitarra por causa de você, principalmente quando eram adolescentes. Quando você percebeu que estava fazendo algo diferente e inspirando novos guitarristas?

Eu não sou diferente de ninguém. Todos amam a música. O melhor conselho que eu posso dar para qualquer músico jovem é que qualquer coisa que ame, qualquer coisa que seja apaixonado, a música que você deve tocar é a música que te move. E se escreve algo que saia de você naturalmente, é porque é isso te move. Você nem precisa forçar, porque é algo natural. Então siga com isso! Entende? Não lute contra isso. É o que sai naturalmente de você. Como os caras do Green Day que antes de fazer sucesso chegaram a ouvir que eles deveriam fazer algo parecido com o Guns N’ Roses. E eles falaram que queriam tocar coisas do punk. Entende o que quero dizer? É isso que você deve fazer. É como dizer ao Jon Bon Jovi que ele deve fazer algo no estilo do Led Zeppelin, mas o que ele faz é o jeito dele, a forma

de compor que ele tem. Apenas faça o que surja naturalmente em você. Porque aí você está se direcionando para o que você ama, entende? Então não vá atrás focando apenas em fazer algo que você acha que vai trazer sucesso para você porque não é assim que funciona.

E você acha que está surgindo uma nova geração de grandes guitarristas?

Sim! Tudo o que você precisa fazer é entrar no Instagram e ver quantos jovens, tanto garotos quanto garotas, são ótimos cantores, guitarristas, bateristas. É ótimo ver que crianças estão tocando instrumentos. Com certeza isso é ótimo e inspirador.

E falando sobre guitarras, você continua praticando e estudando todos os dias?

Sem dúvidas! Talvez um pouco mais focado no processo de composição, mas sempre tem algo que você quer aprender. E aí você se dedica para aprender e acrescenta no seu repertório. Eu ainda amo tocar todos os dias, cara!

Você vai sair em turnê. O que você espera do público depois de tudo que está acontecendo no mundo?

Fizemos três shows em festivais, alguns deles em Montana e Virgínia. E foram ótimos! Parecia que nunca paramos de fazer shows durante esse tempo. Subimos no palco, começamos a tocar. Foi ótimo fazer isso novamente e principalmente ver todo mundo curtindo e se divertindo. Foi como se a covid nem tivesse existido. Então estou ansioso para os shows em outubro e novembro para ver e viver mais esses momentos.

E o que você mais sente falta das turnês e o que você não sente falta?

Eu amo fazer turnês, amo estar em casa, amo estar na estrada…para mim, não tem lado negativo. Eu abraço todo o processo. Algumas pessoas gostam de gravar discos, mas não gostam de turnês. Algumas pessoas não gostam de gravar discos, mas amam turnês. Eu gosto de tudo isso!

Além da música, o que você mais gosta de fazer?

Gosto de ficar sossegado, levar meu cachorro para passear, relaxar. Eu adoro passar um tempo com a minha família. Além disso, gosto de levantar peso sozinho, é como se fosse uma terapia. É uma forma de me afastar de tudo e me desafiar. Além disso, é tocar guitarra e praticar mesmo.

Minha última pergunta é sobre o Ozzy. Você tem falado com ele? Ele está bem?

Ele vai fazer uma cirurgia hoje enquanto estamos conversando. Enviei uma mensagem de texto para ele ontem a noite para desejar que ocorra tudo bem e que eu o amo e para melhorar o quanto antes para podermos voltar a curtir. Esse é o jogo, ele só quer estar bem para voltar a curtir e fazer o que ele ama, que é tocar.

Então o plano é os médicos colarem o que precisa colar nele para voltar a fazer o que ama.

Sim, é o que a gente espera! Muito obrigado, Zakk! Foi um prazer falar com você.

Valeu, irmão! Se cuida e espero que possamos nos sentar numa churrascaria brasileira.

Sim, estou muito ansioso para isso!

Se cuida, irmão!

Valeu, você também!

Tchau, cara!



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