Atitude rock and roll dos Secos e Molhados em “Rosa de Hiroshima”
A Rosa de Hiroshima é um poema de Vinicius de Moraes na forma de protesto sobre as explosões das bombas atômicas ocorridas nas cidades japonesas de Hiroshima, em 6 de agosto de 1945, e Nagasaki, três dias depois, durante a Segunda Guerra Mundial.
Criado em 1946, o poema foi publicado em 1954 no livro Antologia Poética e, mais tarde, em 1973, os versos foram transformados em música no disco de estreia do Secos e Molhados. A parte melódica é de autoria de Gerson Conrad, integrante da formação original do grupo ao lado de João Ricardo e Ney Matogrosso.
A canção é um grito pacifista que compara a explosão da arma de destruição mais letal já criada pela humanidade com o desabrochar de uma rosa. Sempre relacionada à beleza, desta vez a rosa nos faz lembrar dos horrores resultantes de uma guerra.
Lançada em plena ditadura militar no Brasil, “Rosa de Hiroshima” foi uma das músicas mais executadas nas rádios na década de 70 e é hoje um dos maiores clássicos da música nacional. Sua apresentação num espetáculo dos Secos e Molhados no Maracanãzinho em meados de 1974 tornou-se emblemática por que – naquela ocasião – o ginásio carioca recebia pela primeira vez uma banda de rock em apresentação solo.
A Rosa de Hiroshima
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.