“Talvez estejamos na beira da destruição”, diz Bob Dylan
Desde que ganhou seu prêmio Nobel de Literatura, Bob Dylan havia dado apenas uma entrevista e ela foi concedida ao seu site oficial. Quem conseguiu a façanha de conversar com ícone folk foi o historiador americano Douglas Brinkley para o jornal The New York Times, mas para falar sobre seu novo álbum, Rough and Rowdy Ways, que chega na próxima sexta-feira, dia 19 de junho.
O músico foi questionado sobre as canções que integrarão seu primeiro trabalho de inéditas em oito anos e, dessa forma, se sentiu à vontade para tocar em temas atuais, como a morte de George Floyd por policiais dos Estados Unidos, a qual considerou “horrorosa”, e a perda de ícones da música, como Little Richards, que foi uma de suas inspirações.
No entanto, a parte da entrevista que mais ganhou destaque neste fim de semana foi sobre sua opinião a respeito da pandemia. “Eu acho que é um indicador de algo mais por vir”, declarou Dylan, acrescentando: “Isso implicaria que o mundo está para receber algum tipo de punição divina. A arrogância extrema pode ter penas desastrosas. Talvez estejamos na beira da destruição. Existem várias maneiras de pensar sobre esse vírus. Eu acho que temos que deixar ele seguir seu curso”.
Dylan ainda falou sobre a tecnologia que, segundo ele, torna todos vulneráveis, principalmente a juventude que já nasceu nesse mundo de telecomunicações avançadas. “Temos a tendência de viver no passado, mas isso somos nós [ele e seu entrevistador]. Os jovens não têm essa tendência. Eles não têm passado, então tudo que sabem é o que veem e ouvem, e eles acreditam em qualquer coisa. Daqui a 20 ou 30 anos, eles estarão na vanguarda. Quando você vê alguém com 10 anos, ele estará no controle em 20 ou 30 anos, e ele não terá ideia do mundo que conhecíamos”.
A entrevista ao The New York Times foi publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo com tradução de Pedro Ramos e pode ser conferida na íntegra AQUI.