Pandemia terá impacto direto no desmatamento da Amazônia, diz site
Desde que a Organização Mundial da Saúde reconheceu a pandemia do coronavírus, em 11 de março, o desmatamento desapareceu dos noticiários, destaca o site O Eco. A Amazônia, no entanto, tem uma dinâmica própria, e ainda não se sabe de que forma será impactada por esta crise. Por um lado, há fatores que podem levar à redução do desmatamento, como a diminuição da demanda por commodities agrícolas e a dificuldade de escoar a produção. De outro, há variáveis que favorecem um maior descontrole na região, como a redução da fiscalização ambiental e o aumento do desemprego, que pode empurrar trabalhadores para a ilegalidade.
“O ouro já subiu quase 100%, e se a economia continuar desmontando o ouro vai continuar subindo. Isso é um princípio básico de economia. O garimpo é uma saída de trabalho informal com renda garantida em um momento de perda de empregos e de opções de renda”, diz Gustavo Geiser, perito criminal federal na área de meio ambiente na unidade da Polícia Federal em Santarém, no Pará.
Em relação ao desmatamento, Geiser vê dois movimentos contrários. Por um lado, ocorre a mesma coisa que em relação ao ouro: em tempos de crise, ativos mais “palpáveis” se valorizam, entre eles a terra. Por outro lado, mesmo para desmatar e ocupar a terra com algumas cabeças de gado, é preciso algum investimento. “Com menos dinheiro circulando, talvez haja alguma dificuldade para explodir o desmatamento. Por outro lado, a terra é um ativo seguro em um momento de total aversão a risco”, afirma.
Paulo Barreto, pesquisador sênior do Imazon, tem uma opinião parecida. No curto prazo, ele acredita em uma desaceleração do desmatamento. O seu principal motor, a pecuária – responsável por dois terços do desmatamento na Amazônia – tende a sofrer com a crise internacional. “No curto prazo há muita incerteza, então as pessoas querem gastar menos. Como carne de gado é mais cara, há uma tendência de haver uma substituição por opções mais baratas”. Mas parte do desmatamento é especulativo, e pode encontrar no momento de crise uma oportunidade de lucro futuros: “O grileiro pode decidir desmatar agora para ganhar terra e vender mais adiante, quando o preço subir. Não dá para relaxar e dizer que a recessão vai baixar o desmatamento”, completa Barreto.
O pesquisador também lembra que, com o coronavírus, diminui a pressão da sociedade sobre o tema ambiental. Um cenário favorável à aprovação de projetos como a Medida Provisória 910, que regulariza a situação de quem invadiu terras públicas até dezembro de 2018. “Se aprovar, não pelo lado do mercado, mas pelo lado da apropriação de terra, pode subir o desmatamento”, afirma.
A matéria na íntegra de O Eco pode ser conferida AQUI.