Existe uma forte ligação entre a atividade econômica e as emissões globais de dióxido de carbono, tudo por conta das fontes de energia de combustíveis fósseis, que são predominantes no mundo. E isso sugere que podemos ter uma surpresa inesperada da pandemia de coronavírus: uma desaceleração das emissões de dióxido de carbono devido ao consumo reduzido de energia. Foi exatamente isso o que previu Glen Peters, diretor do Centro Internacional de Pesquisas Climáticas e Ambientais da Noruega em seu artigo nesta terça-feira (18) publicado no CorporateKnights.Com. Com base em novas projeções para um forte declínio no crescimento econômico em 2020, Peters avalia que os impactos do coronavírus podem reduzir significativamente as emissões globais.
Em apenas alguns meses, milhões de pessoas foram colocadas em quarentena e regiões de diversas partes do globo foram bloqueadas para reduzir a disseminação do coronavírus. Eventos em todo o mundo estão sendo cancelados e os planos de viagem abandonados. Um número crescente de universidades, escolas e locais de trabalho foi fechado e alguns trabalhadores estão optando por trabalhar em casa.
Toda essa turbulência no modo de vida moderno da humanidade mostrou impactos automáticos no meio ambiente, como as reduções dos níveis de poluição em grandes cidades, que podem ser observadas com mais atenção na Itália. Os membros do grupo no Facebook Venezia Pulita estão compartilhando fotos dos canais de Veneza que passaram de águas turvas e mortas para uma água clara jamais vista há mais de um século na cidade. Um membro do grupo postou fotos e vídeos onde podem ser observados numerosos peixes e animais marinhos que ganharam espaço com a não circulação de barcos e gôndolas que transportam milhares de turistas todos os dias.
Talvez esse fenômeno de Veneza seja o maior exemplo de todo o impacto de que o homem causa no meio ambiente e de como ainda é possível reverter pelo menos parte de todo o dano causado. A crise que foi gerada pelo novo coronavírus mudará nossos hábitos, sem dúvida alguma, deixando uma oportunidade para que governos de todo o mundo apostem em mudanças estruturais que levam à redução de emissões após o retorno do crescimento econômico.