Roger Waters, baixista do Pink Floyd, publicou um vídeo em suas redes sociais no qual critica o multimilionário Richard Branson, diretor executivo do grupo Virgin, que anunciou na semana passada um “Live Aid” para a Venezuela, evento beneficente cujas receitas se destinarão à aquisição de comida e medicamentos para a população local.
Waters, que já havia se posicionado contra uma possível intervenção militar comandada pelos Estados Unidos no território venezuelano, pediu aos envolvidos no evento para que “deixem o povo da Venezuela exercer o seu direito à auto-determinação”.
“Esse concerto nada têm a ver com ajuda humanitária. Tem a ver com o Richard Branson que acredita nas palavras dos Estados Unidos, que decidiram se voltar conta da Venezuela. Será que a gente quer que a Venezuela se transforme em um novo Iraque, numa outra Síria ou uma nova Líbia?”, questionou o músico.
O “Live Aid” da Venezuela será realizado no dia 22 de fevereiro na cidade fronteiriça colombiana de Cúcuta e contará com nomes internacionais como Peter Gabriel, ex-vocal do Genesis. O objetivo é que 100 milhões de dólares sejam arrecadados com o evento e revertido em ajuda para os venezuelanos que sofrem com a resistência do governo de Nicolás Maduro em receber envio de alimentos e remédios ao país.
O vídeo de Roger Waters é replicado a todo momento pela TV estatal da Venezuela, com destaque para o trecho em que o músico adverte o colega Gabriel para não se deixar enganar sobre uma mudança de regime no país petroleiro.
Roger Waters encerrou em dezembro do ano passado a sua turnê Us + Then, que promoveu seu mais recente álbum Is This a Life We Really Want, cumprindo uma agenda de 157 datas em cerca de um ano e meio na estrada. O sucesso desse giro mundial foi destacado numa entrevista com o músico publicada na sexta-feira (15) pelo Brooklyn Vegan. No entanto, o posicionamento político do baixista do Pink Floyd foi bastante explorado nesse bate-papo, no qual o Brasil ganhou destaque. Ele esteve no país em outubro do ano passado para sete apresentações.
Questionado sobre os pedidos de cancelamento de seus shows que enfrentou em vários países, revelou que foi ameaçado de prisão no Brasil ao se juntar ao movimento #EleNão, contrario à eleição do então candidato à presidência Jair Bolsonaro. “Eu queria visitar Lula [ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva] quando chegamos ao sul, onde ele estava na prisão e o juiz local [uma juíza] me negou essa oportunidade. Porque era um momento muito sensível, estava chegando à eleição”, disse o músico, afirmando ainda que “o colocaram na prisão [Lula] sob acusações falsas de corrupção”. A respeito de ameaças que teria recebido no Brasil, disse que sua segurança sugeriu que ele mudasse de hotel no Rio de Janeiro, mas recusou.
This post was last modified on 20 de fevereiro de 2019 12:03