Rogéria Vianna, de Nova York
O Velvet Underground foi uma banda genuinamente à frente do seu tempo e ícone da explosiva contracultura na Nova York dos anos 60. Por isso, ganhou uma merecidíssima homenagem na cidade onde nasceu: a exibição imersiva multimídia The Velvet Underground Experience.
Com sua estreia na La Philharmonie de Paris, em 2016, a mostra traz a Nova York fotos raras, mini-documentários criados especialmente para o evento, filmes vintage, música, entrevistas, objetos, flyers de shows, documentos e uma infinidade de outros itens.
A maior parte da exposição segue em ordem cronológica, desde a formação do Velvet até as mudanças pelas quais passou, como quando o baixista John Cale abandonou o grupo, a transição para o rock mais convencional, até Lou Reed deixar a banda em 1970. Há seções biográficas sobre cada membro, com registros pessoais e de suas famílias (inclusive um depoimento da irmã de Reed, que nunca falou com a imprensa, sobre os dramas particulares do roqueiro).
No centro do salão, há uma área denominada “Factory Years”, de Andy Warhol, que foi empresário da banda. Trata-se de um grande espaço com almofadas no chão e, sobre elas, telas onde são projetados filmes da época, entre eles imagens do Exploding Plastic Inevitable, o influente evento de contracultura em 1966, onde eles tocaram ao lado da vocalista Nico. Falando nela, a cantora alemã tem uma sala própria, que exibe clipes de seus filmes e um design inspirado na lendária Factory de Warhol.
Entre os objetos expostos, dois atraem a atenção do público: uma cópia do livro The Velvet Underground, de 1963, que inspirou o nome da banda e a capa de seu primeiro álbum, de 1967, assinado pelos cinco membros e por Warhol. Aliás, “The Velvet Underground and Nico” é, sem dúvida, o maior primeiro álbum da história do rock, inspirando idolatria de gerações tanto de fãs quanto de artistas como Patti Smit, David Bowie, Nirvana e outros.
Durante a visita, os fãs também terão a oportunidade de ver de perto raridades como fotos tiradas pelo veterano fotógrafo do Village Voice, Fred McDarrah, material de divulgação e imagens do primeiro show do Velvet Underground em 1965 para uma platéia de estudantes do ensino médio e vários curtas experimentais da época – alguns dos quais exibidos durante as performances do Velvet Underground.
No andar de baixo, as áreas “New York Spirit” e “Legacy” apresentam cartazes, publicações e artes daquele tempo e uma enorme parede coberta por fotos e pôsteres de músicos e outros artistas influenciados pelo Velvet.
No último subsolo, fica o estúdio Bandsintown, com capacidade para 100 pessoas e onde rolam performances ao vivo de bandas que mantêm vivo o espírito do Velvet Underground e palestras com figuras relacionadas à história da banda, como seu cofundador John Cale, que participou de uma sessão de perguntas e respostas.
A localização da The Velvet Underground Experience, no Greenwich Village, não é casual. Ela fica a poucos quarteirões de onde funcionava o Café Bizarre, onde a banda se apresentava no início de sua carreira, e do The Dom, casa onde firmaram seu legado.
Mais do que uma exposição para os fãs da legendária banda, The Velvet Underground Experience é uma homenagem às mentes criativas que efervesceram os anos 60 em Nova York e mudaram para sempre a cultura pop mundial.
Fotos: Rogéria Vianna
This post was last modified on 13 de novembro de 2018 12:03