A 89 conversou com o Drew MacFarlane, guitarrista do Glass Animals, que vai tocar no Lollapalooza Brasil 2017, que acontece nos dias 25 e 26 de março do Autódromo de Interlagos.
Esta é a primeira vez que a banda pinta aqui no Brasil, então, fique sabendo da expectativa do grupo sobre o país:
Aqui a transcrição da entrevista:
89FM: É a primeira vez do Glass Animals no Brasil. O que você espera do show?
DREW MACFARLANE: Eu nunca estive na América do Sul, então não sei o que esperar. Eu ouvi muitas coisas boas sobre a música brasileira, as pessoas dançando, a cultura, então eu espero que todos dancem muito.
89FM: Você tem tocado em muitos festivais com o Glass Animals. Qual é a maior vantagem de tocar em festivais?
DREW MACFARLANE: O que eu realmente gosto em festivais é a energia e a atmosfera que são superintensas, todo mundo está alto ou bêbado, “ficando louco”. Você sente quando a plateia está interagindo com a gente. A energia consegue ser muito contagiosa e você nunca sabe o que vai acontecer. Uma vez, na Austrália, tivemos que parar o show porque um cara louco escalou um poste no meio de uma tenda. Ele estava pendurado a mais de 30 metros de altura e se divertindo. Acho que o mais legal em festivais é não saber o que vai acontecer.
89FM: Vocês também tocaram no Lollapalooza Berlin e Chicago. Como foi tocar em um Lollapalooza?
DREW MACFARLANE: O Lollapalooza de Chicago foi em um grande parque ao lado de um lago, foi um “grande festival americano”. Lá, o Paul McCartney ia tocar depois da gente, e foi o show mais louco de todos, com fogos de artifícios e todas essas coisas. Todos os músicos subiram no palco quando ele tocou “Blackbird” e a plataforma em que ele estava se ergueu e “flutuou” no ar, era como se ele estivesse voando. Foi assim o Lolla em Chicago. Eu não sei como vai ser na América do Sul, estou ansioso para descobrir.
89FM: E você conheceu o Paul McCartney?
DREW MACFARLANE: Eu tentei mas ele estava ocupado (risos).
89FM: E tem algum outro artista que você gostaria de conhecer?
DREW MACFARLANE: Eu gostaria muito de conhecer o Alabama Shakes. Eu fumei um cigarro uma vez próximo da vocalista (Brittany Howard) quando tocamos em um festival com eles. Mas eu não cheguei a conhecê-los de verdade. Seria muito bom, eu gosto deles.
89FM: Qual é a diferença entre tocar em um festival e em um show só do Glass Animals?
DREW MACFARLANE: É bem diferente. Acho que a maior diferença é que em um show nosso, tocamos para nossos fãs, você estabelece uma conexão com eles, algo muito pessoal, porque a maioria deles conhece as músicas muito bem. Nós temos uma boa ideia de como tudo vai parecer, vai soar, nós temos mais controle. A gente consegue conectar o show com o álbum, os vídeos que fizemos, e isso é muito legal.
Já nos festivais, você nunca sabe quem vai estar. Pode ter uma multidão de pessoas que nunca ouviram suas músicas antes e isso é bem legal, porque você é forçado a mostrar algo novo para eles e trabalhar bastante para que se divirtam. Eu acho que ver pessoas descobrindo sua música é um sentimento muito bom para um artista porque você quer dar o melhor que conseguir e fazê-los gostar do que estão ouvindo, é muito diferente.
89FM: Como foi o processo de composição e gravação do novo álbum How To Be A Human Being?
DREW MACFARLANE: Foi muito bom! Nós ficamos em turnê em um ônibus durante três anos, e quando ela terminou, nós já começamos a escrever as músicas. O Dave Bayley (vocalista) começou a escrever as letras no estúdio na primeira semana depois do final da turnê. Então, eu, o Joe (baterista) e o Ed (baixista) locamos um estúdio para ensaio e ficamos trabalhando, gravando algumas demos, fizemos várias coisas diferentes, improvisamos…tudo aconteceu muito rápido. Nos primeiros dois meses tínhamos dez demos e a gente estava muito feliz com elas. Em cerca de três semanas gravamos tudo. Foi muito rápido e divertido, não tivemos muito tempo para “repensar” as coisas, fomos espontâneos.
89FM: E por que o nome How To Be A Human Being?
DREW MACFARLANE: Essa é uma boa pergunta, não tenho certeza o porquê do nome, mas acho que as músicas são todas sobre uma pessoa diferente ou personagem. Em uma parte foi inventado e a outra foi inspirada em uma pessoa que talvez conhecemos ou uma história que nos contaram ou talvez até algo de nossa vida pessoal. Acho que são histórias sobre várias pessoas, que não estão tentando provar algo. E isso é parte de ser uma pessoa, ninguém sabe como, mas todos estamos tentando entender, fazendo coisas estranhas, tendo uma filosofia de vida esquisita, viajando, usando drogas, todas essas coisas. E eu acho que é uma visão geral sobre todas as coisas estranhas que as pessoas fazem tentando se encontrar.
89FM: Você tem uma faixa favorita no How To Be A Human Being?
DREW MACFARLANE: Sim, gosto muito da última faixa, que se chama “Agnes”.
89FM: O Glass Animals é uma banda nova. Vocês têm objetivos para os próximos anos?
DREW MACFARLANE: Seria legal lançar mais alguns álbuns e continuar fazendo turnês para lugares novos, como a América do Sul. Se conseguirmos fazer isso, eu fico feliz.
89FM: Quais são os planos após o final da turnê?
DREW MACFARLANE: Nós temos algumas ideias, tem muitas coisas que podemos fazer. Existem sempre coisas interessantes, como repensar músicas de formas diferentes, fazer parcerias com outras pessoas. Sempre mantemos nossas mentes abertas para novas possibilidades.
89FM: Algumas pessoas comparam o Glass Animal com o Radiohead. O que você acha disso?
DREW MACFARLANE: É uma grande comparação! Todos crescemos ouvindo Radiohead, eles são uma de nossas bandas favoritas, uma das melhores do mundo. Se as pessoas acham isso, é muito legal.
89FM: Você já conheceu os integrantes do Radiohead?
DREW MACFARLANE: Eu conheci o Colin Greenwood (baixista do Radiohead). Ele é muito interessado em ajudar a música local de Oxford e bandas novas do Reino Unido. Há alguns anos, ele promoveu um evento e escolheu as bandas do lineup e nós fomos escolhidos para ser a atração principal. Isso foi muito legal! Conhecemos o Colin nessa oportunidae e saímos com ele. Foi muito bom, ele é ótimo.
89FM: Quais são as suas influências como músico?
DREW MACFARLANE: Nós ouvimos muito rap e hip hop. Dave Bayley (vocalista) foi um dos produtores do disco e foi muito influenciado pelas músicas que ouvia no rádio quando morava no Texas como Dr Dre, Jay Z e artistas desse estilo. E acho que essa é uma grande influência. Gostamos de Soul Music, como Nina Simone e artistas da Motown e outras bandas, como os Beatles. Mas nós não ouvimos a música de algum artista e tentamos imitar. É mais o conjunto de coisas que amamos que influenciou de alguma forma como pensamos em música.
89FM: Você gostaria de fazer um convite para os fãs brasileiros?
DREW MACFARLANE: Olá, eu sou o Drew do Glass Animals. Toco guitarra e teclados. Iríamos amar se puder ir ao nosso show. Será um momento bom, com muita dança e festa. Então vá e se divirta! Obrigado! Tchau!