Peter Morén fala sobre novo disco de Peter Bjorn and John

A 89 trocou uma ideia com o Peter Morén o guitarrista e vocalista da banda Peter Bjorn and John, os caras acabaram de lançar o seu novo álbum “Breakin’ Point”, no dia 10 de junho.

Peter falou que é animador lançar um novo disco, mas pelo fato dos caras estarem afastados por cinco anos, existe uma expectativa maior, ansiedade e medo.

O músico destacou as influências para a produção do novo disco, o significado do nome e detalhes sobre a arte pop da capa. Peter também confirmou que a banda está planejando tocar em solo brasileiro.

Acesse o player abaixo e curta a entrevista:


Veja abaixo a transcrição completa da entrevista:


89: Como vocês se sentem com o lançamento do álbum novo?

Peter Morén: Sempre é animador lançar um álbum novo, mas há uma parte de ansiedade, expectativas e também o medo, pelo fato de estarmos “longe” por 5 anos, faz parecer que é uma volta. Por isso é tão animador, nós estamos muito orgulhosos, é uma mistura de tudo.

89: Porquê 5 anos sem lançar um álbum? Tem alguma razão específica?

Peter Morén: Nós não tínhamos a intenção de demorar 5 anos. Começamos a trabalhar nele no final de 2012, o que não era muito tempo depois da turnê do último álbum. Acho que nós não sabíamos muito o que queríamos fazer, começamos a gravar algumas músicas com nosso primeiro produtor e percebemos que tínhamos que compor mais e que nós não sabíamos muito o tipo de som que queríamos no álbum. No final fomos produzimos várias versões, compondo mais e envolvendo mais pessoas. Foi um processo de laboratório, pois queríamos acertar as músicas antes de produzi-lás: ter a estrutura, o refrão, as melodias e as letras. No passado talvez nós tínhamos uma ideia de como queríamos que fosse o som do álbum, e aí tentamos encaixar em todas as músicas neste estilo. Agora nós escrevemos a música antes e deixamos ela aberta para qualquer tipo de direção. Nós também temos filhos, o que toma nosso tempo.

89: Os seus filhos influenciaram vocês de alguma forma no novo álbum?

Peter Morén: Nós comentamos que sempre quisemos fazer um álbum pop, algo que levasse ao extremo desse gênero, e aí tive que repensar o que é a música pop para mim, o que me fez voltar para minha infância e o que eu ouvia. Isso funciona bem quando se tem filhos, por que eu sinto que quero tocar música para eles, as músicas que eu ouvia. Acho que isso é a essência, pois eu tenho tocado Beatles, Everly Brothers e Electric Light Orchestra e coisas como essas para meu filho, e eu acho que isso influencia como eu componho também. Além do mais, algumas das letras são sobre ter “filhos”, e ser um pai. Não são tão óbvias mas dão inspiração.

89: Você tem alguma música favorita neste álbum?

Peter Morén: Por termos trabalhado tão duro neste álbum, e eu ser um cara de “música”, preferindo começar com a música e ir tomando direção a partir daí e não ao contrário, acabei gostando de todas as músicas. “Do-Si-Do” é uma que eu amo tocar ao vivo, acho que funciona bem e tem uma boa história. “Hard Sleep” é outra que eu gosto muito…tem muitas músicas boas, é difícil escolher… “Nostalgic Intellect”, “A Long Goodbye”, “Dominos” , todas são boas.

89: E porquê o nome “Breakin’ Point”?

Peter Morén: Nós sempre tivemos títulos com duas palavras e que soassem bem como “Falling Out”, “Writters Block, “Seaside Rock”, “Living Thing”, “Gimme Some”…Neste caso, nós tínhamos a música “Breakin’ Point”, mas não tínhamos o título, e a letra fala um pouco sobre essa sensação de “esperar um bebê” ou não saber o que vai acontecer com você, o que se encaixa com o nosso trabalho neste álbum por anos, quase chegando num “ponto de rompimento” pois não sabíamos como terminá-lo. Depois de acharmos que seria um bom nome, pensamos na ideia de “ir à fábrica e trabalhar muito no ofício de compor”, o que combina com o martelo na capa do álbum, que está quase no “breaking point” mas consegue consertá-lo.

89: E sobre a arte da capa do álbum?

Peter Morén: O artista que fez a arte do “Gimme Some” fez a do “Breakin’ Point”. No começo pensamos em fazer um tipo de capa completamente diferente, mas no final voltamos e dissemos ao artista que queríamos algo com arte pop de tema e que tivesse o tema de “fábrica”, por isso a tesoura, o martelo que para nós simboliza trabalhar juntos, entre outras ferramentas. Nós também ganhamos roupas customizadas para os shows, com essas ferramentas, que imprime essa ideia de trabalhar.

89: Vocês estiveram no Brasil 8 anos atrás, o que se lembram daqui?

Peter Morén: Lembro que foi legal, o público foi ótimo também. Sou fã da música brasileira, da cuíca e da percussão. Eu tentei tocar em meus projetos solos, mas eu não sou tão bom, eu gosto da tradição da música brasileira e ouço bastante. O clima, as pessoas…é um lugar mágico, espero voltar em breve.

89: O que você ouve de música brasileira?

Peter Morén: São coisas mais antigas: o movimento tropicália, a bossa nova. Gosto do Jorge Ben Jor e do Caetano Veloso, tenho muitos discos da época dos anos 60 e 70.

89: Planejam vir ao Brasil nesta nova turnê?

Peter Morén: Sim, estamos planejando de ir. Na turnê de “Gimme Some” planejávamos ir ao Brasil, mas infelizmente John, o nosso baterista, machucou seu ombro e tivemos que cancelar vários shows, mas espero voltar ou neste ano ou no próximo.

89: Qual a maior diferença entre gravar um álbum e tocar ao vivo?

Peter Morén: Em “Gimme Some” nós pensamos em algo que fosse traduzir-se bem ao vivo, então voltamos ao básico: guitarra, baixo e bateria e tentamos fazer um álbum rock n’ roll. Desta vez que voltamos ao estúdio, nos possibilitamos usar vários instrumentos: o sintetizador, o piano e a guitarra. Então pensamos como fazer isto ao vivo, porquê sempre podemos fazer um rearranjo e voltar ao básico, mas desta vez decidimos trazer instrumentos extras conosco, vamos fazer isto neste momento. É interessante pois estivemos trabalhando neste álbum por muito tempo e achávamos que pelas gravações estarem sendo difíceis, tocar essas músicas ao vivo seria difícil também, mas foi bem fácil e natural e as pessoas amam as músicas novas. A grande diferença é que muitas pessoas sentem um choque ao vivo, por ser tão energético, por causa das guitarras altas e as improvisações, sendo que no álbum

é um pop mais direto. Não gostamos de fazer shows muito planejados, gostamos quando algo dá errado as vezes e o público não sabe o que vai acontecer. Somos uma banda pop no álbum e uma banda de rock ao vivo, e eu gosto deste mix pois a melodia pop é ótima e a energia da banda de rock também.

Redação 89: