O guitarrista do Bad Religion, Brian Baker, conversou com a reportagem da 89 A Rádio Rock antes do show da banda no Lollapalooza Brasil, em 12 de março.
Nessa entrevista exclusiva, além de garantir que em 2016 o grupo lança material inédito, o músico falou sobre as impressões que tem do Brasil, o momento atual da banda e do punk rock.
Utilize o player abaixo e ouça a entrevista conduzida por Rich Rafterman com a tradução na voz da nossa apresentadora Joana Ramos:
Aqui a transcrição da entrevista que teve a produção de Wendell Correia:
89: É a oitava vez do Bad Religion no Brasil. O que você tem a dizer sobre o país?
BRIAN BAKER: Nós somos grandes fãs do Brasil, é por isso que sempre estamos por aqui. A primeira vez que eu estive no Brasil foi em 1996 e é interessante ver como as coisas estão se desenvolvendo. A infraestrutura melhorou, há menos divisão de classe social, a variedade do público que vão aos shows sempre muda. Sou muito agradecido pelo fato de o desenvolvido da banda ocorrer paralelo a isso. As pessoas ainda estão empolgadas para ouvir o que temos a dizer.
89: Vocês estão gravando um novo álbum?
BRIAN BAKER: Sim, com certeza vamos gravar um novo álbum esse ano. Temos algumas músicas novas já faz algum tempo, mas o nosso baterista (Brooks Wackerman) deixou a banda. E no Bad Religion você tem que ter experiência com todos do grupo. Queríamos tocar com o Jamie Miller, o nosso novo baterista, e criar uma sintonia juntos, porque a bateria no Bad Religion e no punk rock é muito importante. A bateria na nossa música literalmente marca o tempo para o tipo de música que vamos fazer. Então, nós adiamos um pouco a gravação do disco para aproveitar esse momento com o Jamie na banda e descobrir o que de novo podemos fazer com essa mudança.
89: Na sua opinião, como o punk rock se desenvolveu durante os anos?
BRIAN BAKER: A grande mudança no punk rock em relação à quando começamos há 36 anos é que naquela época era uma comunidade pequena e meio que “fora da lei”. E tem um tipo de energia e alegria por fazer parte dessa “sociedade secreta”. Seu estilo de vida é guiado por isso e por essas pessoas. E agora o punk rock virou um estilo musical como o jazz, rock and roll, rhythm & blues. E com isso acontece coisas muito boas, mas também tem algumas que não são muito especiais. E para mim, que estou nessa há tantos anos, tenho que aceitar que a melhor coisa é que agora várias pessoas tem a oportunidade de ouvir esse grande tipo de música. E continua sendo uma música de protesto. Isso eu acho que nunca vai deixar de acontecer, independente do quão grande a banda seja. As pessoas que se preocupam em deixar a chama do punk rock acessa são necessariamente as que estavam nessa desde o começo. Mas nessa podem entrar bandas novas também. Para mim, os Descendents são muito importantes. E também já fizemos shows com bandas que surgiram após o Bad Religion, como o Youth Of Today, entre outras bandas. Eu acho que o que define o punk rock são as letras das músicas e tem várias bandas que seguem esse contexto. Mas também tem a banda 5 Seconds Of Summer que não cantam sobre assuntos que fazem as pessoas pensarem. É apenas uma música de fundo para outro tipo de experiência. Eu, pessoalmente, gosto de provocar essas reflexões nas pessoas.
89: Os recentes acontecimentos no mundo em nome da religião alteram de alguma forma a composição no Bad Religion?
BRIAN BAKER: Acontecem algumas situações no mundo em nome da religião há milhares de anos. Então as nossas letras não foram muito afetadas pelos acontecimentos recentes porque ela é consistente. Algumas divisões religiosas que acontecem hoje já aconteciam na época em que o Greg e o Brett estavam na escola. Chega até a ser algo sem intenção na banda. Como estamos em atividade há tantos anos, isso é sempre relevante para nós.
This post was last modified on 29 de março de 2016 12:03