Foi uma festa um reencontro, nas palavras de André Frateschi: “Todos nós esperamos 20 anos para isso acontecer”. E foi isso, artista e público fazendo o espetáculo juntos. Legião sendo Legião Urbana. Uma noite que além de ser uma ode a obra de Renato Russo com seus amigos, sem querer mostrou “o novo” ao público sem que o público se desse conta disso.
Tudo começa em chamar o eficiente André Frateschi, sendo um dos maiores nomes da cena independente atual. Não se trata apenas de um cara que faz covers do David Bowie, ele tem uma obra bem interessante, primeiro com a sua Esposa Miranda Kassin, e atualmente em carreira solo com seu disco sensacional o MAXIMALISTA, que mostra a eficácia dele como compositor.
André interpretando as músicas da Legião, não soou piegas, tão pouco forçado, ele imprimiu o seu ritmo e seu estilo durante o show todo. Visivelmente emocionado em tocar em casa, disse em um determinado momento do show. “Feliz por estar em casa”!
André Frateschi não foi o único bom nome escolhido para subir ao palco do Espaço das Américas. Para cantar a clássica “Dezesseis”, foi escolhida a cantora carioca Marina Franco, da banda Glass and Glue, e não decepcionou, fez jus a sua escolha e levou aos ouvidos do público uma versão cheia de emoção de uma música segundo dado nunca havia sido executada em um show da Legião. O Glass and Glue é uma banda bem interessante, tem letras em inglês, uma pegada meio noventista no estilo de som. Faz tudo parecer bem interessante. Mais uma escolha muito consciente de Dado e Bonfá.
Para surpresa de todos sobe ao palco Jonathan Doll, o vocalista da do Jonathan Doll e os Garotos Solventes, chamado pela critica de “Iggy Pop do Sertão”. O cantor deu a sua cara para “1965 (duas tribos)”. Música que tá lá no meio do disco “Quatro Estações” e é muito querida pelos fãs. Todo mundo se perguntou quando viu aquele cara magrelo, meio desajeitado mas com uma voz poderosa. Ao cantar houve uma explosão de emoção. O trabalho de Jonathan Doll e os Garotos Solventes é muito interessante, letras psicodélicas aliadas a arranjos mais psicodélicos ainda. Faz da banda uma das mais promissoras da nova geração da música independente nacional.
E também tivemos a participação do ex-Los Hermanos, Rodrigo Amarante, já com dois discos solo, o cantor deixou o nervosíssimo escapar nas duas canções que interpretou. “Monte Castelo” e “Quase Sem Querer”, sabia o quanto pesa cantar com a Legião. Mas deu conta e emocionou a todos ali.
O show “Legião Urbana XXX Anos”, fez um passeio, por uma obra indiscutível, mas algo ficou muito claro, Dado e Bonfá não querem um substituo para Renato Russo, eles querem apenas tocar as músicas que eles conceberam ao lado do inesquecível trovador, mostrando novos nomes, que por sua vez também não querem se equivaler ao ídolo.
Por isso, o show deu certo! A Legião Urbana continua viva no coração dos fãs, suas letras são atuais e serão, pode passar mais 100 anos. E que ela continue assim passeando por seu consagrado repertório lembrando ao público que sim o novo existe!
Por Leandro Alsaro
This post was last modified on 9 de novembro de 2015 12:03