O mundo do entretenimento está cheio de almas rebeldes e polêmicas, e claro que os rockstars também lideram quando o assunto é fase conturbada, escândalos, brigas, processos e aversão ao ambiente escolar. Apelidos motivados por diferenças físicas, atraso em relação à turma devido a transtornos que só seriam conhecidos mais tarde, e timidez extrema são algumas das situações vividas por estes astros do rock!
Ozzy Osbourne
“Eu odiava a escola. Odiava. Ainda consigo lembrar meu primeiro dia no Prince Albert Juniors em Aston: tiveram de me arrastar até lá pelo colarinho, por que eu chutava e chorava muito. A única coisa que queria da escola era que o sinal tocasse às quatro da tarde. Eu não conseguia ler direito, por isso não tinha boas notas. Nada entrava na minha cabeça e não conseguia entender meu livro e era como se tudo estivesse escrito em chinês. Sentia que não era bom em nada, como se fosse um desastre. Só com trinta anos descobri que tinha dislexia, além de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Ninguém sabia dessas coisas na época. Estava numa classe com quarenta crianças e, se não entendesse, os professores não tentavam ajudar – eles o deixavam de lado. Foi o que aconteceu comigo. E quando eu precisava fazer alguma merda – como quando tinha de ler em voz alta – eu tentava divertir a classe. Pensava em todos os tipos de coisas doidas para fazer os outros rirem.” *Trecho extraído do livro “Eu Sou Ozzy”, de Ozzy Osbourne com Chris Ayres (Tradução: Marcelo Barbão. Editora: Saraiva, 2010)
Steven Tyler
“Uma manhã, quando eu estava na terceira série, havia uma garota no pátio, e devo ter agarrado uma lâmpada quebrada e corrido atrás dela – como qualquer moleque (espertalhão) querendo afeto faria. (…) Sua mãe foi até a sala do diretor. ‘Se Steven Tallarico não for expulso da escola vou tirar minha filha! Ele a perseguiu com uma ARMA LETAL (e blá-blá-blá) É um animal!’ Chamaram minha mãe. Queriam me mandar para uma escola para pessoas determinadas, conhecidas hoje como crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). (…) Fiquei animado com a escola, mas cheguei no lugar e descobri que estava cheio de ‘crianças especiais’. Moleques que gritavam ‘vai se F*!’ no meio da aula, que tinham problemas como Síndrome de Tourette e gritavam o tempo todo. Um pouco pior do que a escola pública, eu diria: crianças cheirando cola durante a aula de arte, e todo mundo mandando bolinhas de papel com elásticos um no outro. UAU, me senti em casa!” *Trecho extraído do livro “O Barulho na Minha Cabeça te Incomoda?”, de Steven Tyler com David Dalton (Tradução: Éric R. R. Heneault, Francisco José M. Couto, Marcelo Barbão e Olga Cafalcchio. Editora: Benvira, 2011)
“O jeito que encontrei para não apanhar na escola foi me tornando baterista numa banda. Meu primeiro grupo foi o Strangers. (…) No ensino médio, a chave para não ser zoado era entreter os outros, da mesma forma que pessoas gordas se tornam engraçadas, contam piadas, tiram sarro dos outros e por isso são deixadas em paz. Eu era magrelo, tinha lábios grossos e cabeça pontuda. Deixei o cabelo crescer e comecei a tocar bateria numa banda, e esse foi o caminho de minha aceitação. Conhecia música por causa do meu pai, e assim o rock ‘n’ roll me ajudou a não apanhar.” *Trecho extraído do livro “O Barulho na Minha Cabeça te Incomoda?”, de Steven Tyler com David Dalton (Tradução: Éric R. R. Heneault, Francisco José M. Couto, Marcelo Barbão e Olga Cafalcchio. Editora: Benvira, 2011)
Keith Richards
“Eu detestava a pré-escola. Detestava todas as escolas. Doris disse que eu ficava tão nervoso que ela se lembrava de ir me buscar e me carregar nas costas até em casa, porque eu não conseguia andar de tanto que tremia. E isso foi antes que as tocaias e as intimidações tivessem começado. A comida que davam era terrível. Eu me lembro de ser obrigado a comer ‘torta cigana’ na pré-escola. Eu simplesmente me recusava. Era uma torta com alguma gosma queimada de recheio, geléia ou caramelo. Todas as crianças daquela escola conheciam a torta e algumas até gostavam dela. Mas isso não era o que eu queria de sobremesa, e eles tentaram me forçar a comer aquilo, ameaçando me colocar de castigo ou cobrar uma multa se eu não comesse. Era a coisa mais dickensiana possível. Tive que escrever ‘Eu não recusarei comida’ trezentas vezes, com minha letra de criança. Mas, no fim, acabei. Eu, eu, eu, eu… não, não, não…” *Trecho extraído do livro “Vida”, de Keith Richards com James Fox (Tradução: Maria Silvia Mourão, Mário Fernandes e Renato Rezende. Editora: Globo, 2010)
John Lennon
John diria que começara a freqüentar a escola [secundária] disposto a se sair bem e ser um motivo de glória para Mimi e tio George. Todas essas boas resoluções se desfizeram à primeira visão de seus novos colegas de classe, se agitando e berrando no pátio de Quarry Bank. ‘Eu pensei, Meu Deus, para sobreviver aqui vou ter de abrir caminho a porrada nessa turma, tal como havia feito em Dovedale. Havia uns caras bem durões ali. Na primeira briga em que me meti, perdi. Eu perdia a coragem quando ficava realmente machucado. Se havia um pouco de sangue então, era caso encerrado. Depois disso, se topava com alguém que sabia socar melhor do que eu, eu dizia: Está bem, vamos fazer uma luta livre. (…) Eu era agressivo porque queria ser popular. Queria ser o líder. Parecia mais atraente do que ser apenas um dos babacas. Eu queria que todo mundo fizesse o que eu mandasse, que rissem das minhas piadas e me deixassem ser o chefão’.” *Trecho extraído do livro “John Lennon – A Vida”, de Philip Norman (Tradução: Roberto Muggiati. Companhia das Letras, 2009) AFP
“O mais curioso era que esse inútil incorrigível era, fora da sala de aula e de sua odiosa obrigatoriedade, um rato de biblioteca cujo gosto pela literatura ultrapassava em muito o currículo de inglês de Quarry Bank e que, deixando por conta própria, passava horas na atitude do mais consciencioso estudante, lendo, escrevendo e desenhando.” *Trecho extraído do livro “John Lennon – A Vida”, de Philip Norman (Tradução: Roberto Muggiati. Companhia das Letras, 2009)
Johnny Ramone
“O que quer que eu fizesse naquele tempo, eu sempre buscava fazer o mínimo possível. Eu era muito difícil. Recusava-me a responder às perguntas do professor e dizia ‘não sei’ para tudo, de propósito. Mesmo que eu soubesse a resposta, só ficava sentado em um canto no fundo sendo desagradável. Não cooperava. No primeiro dia de aula, entregavam nossos livros, e eu os deixava no meu armário e nunca os levava para casa. Ia para a escola só com uma caneta e um pedação de papel dobrado, e tentava ser provocador. Creio que, na verdade, eu era provocador. Para mim, a escola não interessava. Você vai para a escola, e tenho certeza de que é assim com todo mundo: você é jovem demais e não quer aprender.” *Trecho do livro “Commando – A Autobiografia de Johnny Ramone”, edição de John Cafiero com Steve Miller e Henry Rollins (Editora Leya, 2012)
“A princípio, eu iria para a faculdade na Flórida, mas voltei dois dias depois. Cheguei lá para orientação e disse: ‘Esqueçam. Isso não é para mim’. Então fiz um semestre na Manhattan Community College, mas também não gostei daquilo. A música sempre foi o grande lance pra mim. Quanto a isso, consegui ser consistente. Não precisei de orientação.” *Trecho do livro “Commando – A Autobiografia de Johnny Ramone”, edição de John Cafiero com Steve Miller e Henry Rollins (Editora Leya, 2012)
Jimi Hendrix
“Embora Jimi frequentasse escolas multirraciais, e o bairro onde morava abrigava o Yesler Terrace – um dos primeiros projetos de habitação pública plenamente integrados dos Estados Unidos -, Seattle como um todo, a exemplo da maioria das cidades note-americanas durante os anos 1940 e 1950, também tinha seus bolsões de racismo. O jovem Jimi se acostumou a escutar o termo ‘negro’, e inúmeras vezes ouviu pessoas se referirem a ele como tal. Apesar de ser reconhecido na escola como ‘uma criança brilhante e interessada em arte’, Jimi tinha notas apenas medianas. Costuma chegar atrasado e quase sempre ia para o colégio somente com uma xícara de leite como café da manhã. Almoçar era algo incerto.” *Trecho do livro “Jimi Hendrix – A Dramática História de uma Lenda do Rock”, de Sharon Lawrence, tradução de Roberto Franco Valente (Editora Zahar, 2008)